SOBRE O DIA 02/10

Um breve reporte sobre a manifestação

“VIVA O IMORTAL PTE. GONZALO” — CAPB/NF

[Ao final do artigo podem ser encontradas algumas fotos do ato]

Neste sábado, dia 02/10, foram realizadas manifestações em diversas partes do país, bem como vêm sendo realizadas em todo o mundo desde o recrudescimento da crise do capitalismo pelo COVID-19 e do recente assassínio do Presidente Gonzalo pelo Estado peruano. Em nossa região, adentramos a campanha em honra do Presidente Gonzalo e de seu todo-poderoso Pensamento.

Nesta ocasião, portanto, fizemos cumprir nosso dever histórico. Fizemos cumprir nosso papel como jovens, estudantes, trabalhadores e comunistas: saímos às ruas, deflagramos nossa posição diante de toda a prática revisionista e eleitoreira que busca laçar a população como gado à espera do abate do fascismo, aprisionando-a à exploração do homem pelo homem, do imperialismo e do capitalismo burocrático, e marcamos a devida presença à ocasião.

Apresentaremos aqui um breve levantamento do que foi possível observar ao caminhar da demonstração política. Iremos apresentar a avaliação de nossas próprias ações e realizar as devidas proposições quanto às ações que vemos como necessárias aos honestos companheiros e democratas, bases de partidos e organizações, que auxiliam a elaborar as manifestações em nossa região.

NO SEIO DA MANIFESTAÇÃO

Não se pode, de maneira alguma, considerar o ato uma vitória em sua totalidade. Pelo contrário, demonstrou-se que as organizações eleitoreiras não buscam mobilizar as massas nem discutir com elas, mas falam apenas entre si, não usam as manifestações para a educação política, o que é um grave erro. Nesse sentido, saiu-se, relativamente, como chegou-se, com os mesmos apoiadores, com o mesmo nível de crédito com a população que já se possuía, sendo assim, não foi feito o trabalho que poderia ter sido feito.

Diversas organizações estiveram presentes nessa manifestação: o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), junto ao “Afronte!” e ao Movimento Correnteza, o Partido Comunista Revolucionário (PCR), representado pelo seu subpartido, Unidade Popular pelo Socialismo (UP), sua juventude, União Juventude Rebelião (UJR), e o Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas (MLB), bem como o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e sua juventude, a União Juventude Comunista (UJC), o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), o Partido dos Trabalhadores (PT), o Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento Sem Terra (MST) e outros movimentos e organizações democráticos municipais e regionais. Apesar da considerável quantidade de organizações, os contingentes de cada uma delas estava reduzido e, quando comparada a outras, esta manifestação teve apenas uma fração do que pode ser atingido de militantes de cada uma delas.

Todas essas organizações clamavam pelas mesmas pautas, demonstrando que concordam ao menos formalmente entre si. As palavras de ordem foram as mesmas dos demais atos: “Vida, pão, vacina e educação!”, “Fora Bolsonaro!” etc., demonstrando ainda a unificação sob palavras de ordem da União Nacional dos Estudantes (UNE) e União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES).

Foram utilizados caixas de som e microfone, sendo realizadas rodadas de discurso em 3 diferentes momentos da mobilização, permitindo-se inscrições de diversas figuras de diversas organizações. Esses momentos foram separados por um período de caminhada entre eles, com o grito das palavras de ordem e cantigas como “Pisa ligeiro, pisa ligeiro, quem não pode com a formiga não atiça o formigueiro!” e demais cantigas que todos conhecemos.

Entre os discursos, além do nosso próprio, os únicos que se destacaram foram de companheiros representando o movimento negro e de algumas figuras específicas. Ressaltamos isso pelo fato de que classificamos os discursos em duas categorias: os democrático-populares e os oportunistas.

Os primeiros foram aqueles onde os manifestantes trouxeram não apenas as suas próprias experiências pessoais em meio da luta de classe, confrontando, como única forma de viver, o sistema capitalista, denunciando-o em maior ou menor grau de consciência, mas demonstrando, sem qualquer hesitação, a vontade do povo e das massas de romper com as amarras do sistema que os prende à miséria. Os segundos, como clássicos eleitoreiros que se acovardam e falham em denunciar o que o povo necessita que seja denunciado, em reivindicar aquilo que é o mais básico da luta popular e em incitar o justo ódio das classes oprimidas sobre as classes opressoras, não fizeram mais que propagar palavras genéricas e frases de efeito enquanto prolongam o sofrimento do próprio povo até a farsa eleitoral de 2022, na qual todos eles se apoiam e onde o ex-presidente Lula, o grande traidor de classe, se pintará novamente como o grande conciliador de classes — são uma piada.

NO SEIO DAS MASSAS

Dadas as características internas da manifestação, temos que analisar o que mais nos é importante: as massas. As massas observam de canto, não são influenciadas a participar das manifestações de maneira orgânica pelas organizações oportunistas. Muitos trabalhadores vão às portas das lojas e gritam a favor da manifestação, mas pouco é feito para exaltá-los. Isso, no entanto, sequer é o principal. Para os comunistas, a organização é um pilar de sustentação fundamental para a organização de nossas atividades. Sendo assim, as manifestações não são senão uma forma de demonstrar força, forma de demonstrar organização, forma de provar aos que se encontram nas ruas alienados da luta, graças a seus exaustivos trabalhos, que nós estamos erguendo uma luta que reivindica suas necessidades imediatas e de longo prazo e que seus irmãos de classe confiam e aderem às nossas ações.

Nesse sentido, declaramos com plena tranquilidade que o trabalho sendo realizado para a adesão da população às manifestações não ultrapassa as redes sociais e, portanto, torna quaisquer atividades práticas vazias, sem real caráter de classes e de combate. O que as massas veem, assim como nós, é mais uma demonstração de que os partidos eleitoreiros e revisionistas não fazem mais que se mobilizar alienados das massas. Isso, claro, nos obriga a destacar as honestas bases de tais partidos e a honestidade que foi apresentada por parte delas nos discursos já mencionados como democrático-populares. Ao mesmo tempo, nos obriga realizar uma dura crítica diante da ideia de que as massas terão a mesma visão de tais indivíduos, de tais bases, que nós possuímos. Para elas, a não ser que se seja destacada a contradição entre a linha realmente revolucionária e pró-povo e seu devido rompimento com tais partidos e organizações, ou seja, destacamento teórico e prático, tais companheiros não serão mais que farinha do mesmo saco podre do eleitorarismo.

QUANTO A NÓS

No seio da manifestação foi feito claro o nosso propósito, nossa função e nosso método. Para nós, uma organização com pouco mais de 4 meses, grandes avanços foram dados. O progresso da “Campanha Popular: Um Manifesto na Mão de Cada Trabalhador”, semente que deu vida à nossa organização, é notável. As pessoas, sejam elas militantes ou populares, despendem do próprio tempo para compreender melhor sobre nossa organização e também sobre o que é a Campanha. Devido a ela, pudemos aumentar o número de apoiadores que nos auxiliaram nessa manifestação, além de ter possibilitado conversas construtivas com trabalhadores que viam a manifestação de suas portas, da rua e das lojas.

Para nós, como pequena organização, essa foi uma vitória de muitas que ainda hão de vir e mostrou a capacidade de realização de um trabalho com qualidade, apesar da reduzida quantidade. Ora, seguindo esta lógica, não seria cabível para nós seguir qualquer outra premissa senão de a de “crítica-unidade-crítica”, nos unindo aos companheiros democráticos, uma minoria com qualidade, e apoiando suas falas quando possível, e criticando-os quando necessário. Não tratamos as bases dos partidos que estiveram presentes como antagônicas, pois antagonismo se apresenta entre nós e nossos inimigos. Desta forma, nos unimos em “nós”, no que compreendemos correto e nos apartamos daquilo que criticamos e combatemos. Portanto, compreende-se uma derrota no que tange à manifestação como objeto geral de análise, mas vitória quando tratamos de nossa particularidade.

Durante toda a manifestação erguemos as bandeiras de defesa da Liga dos Camponeses Pobres (LCP), uma organização que luta em nome das massas camponesas e continua humilhando as forças de repressão do Velho Estado, e da Revolução Agrária, de homenagem ao imortal Presidente Gonzalo e seu Todo-Poderoso Pensamento, de apoio pleno à reconstituição do Partido Comunista do Brasil (P.C.B.) sob a luz do Marxismo-Leninismo-Maoísmo, principalmente Maoísmo, e de denúncia a farsa eleitoral sob a insígnia de “Não Vote! Lute!”.

Enquanto as demais organizações caminhavam, ficamos mais atrás, seguindo-as, mas conversando com trabalhadores e companheiros de outras organizações curiosos com nossa presença, distribuindo manifestos, aglomerando um pequeno grupo de pessoas para a formação de uma roda de debate que foi realizado após o término do ato para discutir um documento do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), de 1962, chamado de “Manifesto-Programa”.

Classificamos nossa conduta como organizada e produtiva em diversos aspectos. A prática possibilitou a todos os nossos quadros a possibilidade de elevar seu conhecimento sobre as necessidades das massas, sobre a aplicação da teoria sobre a realidade concreta e também sobre a possibilidade e necessidade de darmos saltos qualitativos individualmente e no conjunto.

Deixamos, nessa parte, nossa saudação aos companheiros que democraticamente nos ouviram e conversaram conosco e um enorme agradecimento aos apoiadores que nos auxiliaram imensamente neste dia glorioso.

VOLTAREMOS MAIS FORTES

Servir ao povo é nosso dever e não seremos párias da história. Saímos com pequenas vitórias, mas há muito o que ser investigado e mais ainda o que ser trabalhado. Falamos por nós, do Coletivo Ao Povo Brasileiro/Norte-Fluminense, e por todos aqueles insatisfeitos em suas organizações, desorganizados, atados ao eleitoralismo e à ideia de que somos uma gota comparados a um oceano e que, portanto, seremos esquecidos se nos desatarmos dos velhos hábitos: rebelar-se é justo! E o faremos. Que sejamos então a gota que fará transbordar a luta combativa em nossa região e lavar suas terras com o ódio da classe trabalhadora em combate ao capitalismo burocrático e à semifeudalidade.

Que voltemos mais fortes, com mais pessoas, com mais preparação, sem as mesmas palavras de ordem, sem as mesmas ideias de que nossos problemas serão resolvidos através do aparato do Estado. O “Fora Bolsonaro!” não é nada quando comparado às verdadeiras lutas contra o latifúndio e o capitalismo burocrático em nosso país.

Manifestações em finais de semana não afetam a vida de ninguém. Que paremos trânsito, que tomemos avenidas, que façamos empresas terem prejuízos colossais sem seus operários, conversemos com os trabalhadores, com os camponeses, com os lojistas e todos aqueles que nos veem e verão negativamente por estarmos ali, mas que hão de compreender que não há mais saída senão a revolta. E se os policiais vierem com as viaturas atrás de nós como fizeram no dia do ato, passando pelas calçadas atrás dos manifestantes, que mostremos aos trabalhadores que eles servem apenas aos interesses dos fascistas. Que contrariemos o dirigismo das organizações oportunistas, investiguemos o que fazer para termos ainda mais força nas ruas e tomemos as rédeas do que é nosso por direito.

Consideremos que nossas mobilizações não podem ser menores que as anteriores. Somos parte do povo e servimos ao povo; somos parte das massas e servimos às massas. Se fora o Poder, tudo é ilusão, que declaremos guerra aos que nos impedem de tê-lo. Se é nosso dever histórico varrer nossos inimigos da face da Terra, que façamos história, então. Clamemos pelo povo, clamemos pelas massas e façamo-nos de espada em sua justa luta.

Derrubaremos quem for, hoje, amanhã ou no ano seguinte. Seja um fascista ou um conciliador qualquer, desde que tome posse do poder burguês para reprimir nosso povo, ele será nosso inimigo e quem for seu apoiador, será esmagado pelo rolo compressor da Revolução.

VIVA A LIGA DOS CAMPONESES POBRES!

VIVA A REVOLUÇÃO AGRÁRIA!

VIVA O TODO-PODEROSO PENSAMENTO GONZALO!

PELA RECONSTITUIÇÃO DO PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (P.C.B.)!

MORTE AO LATIFÚNDIO!

PAZ ENTRE NÓS, GUERRA AOS SENHORES!

VENCEREMOS!

ALGUMAS FOTOS

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