DECLARAÇÃO EM FUNÇÃO DO 1º DE MAIO

DIA INTERNACIONAL DO TRABALHADOR

MAIS UM PRIMEIRO DE MAIO

Mais um 1° de Maio, Dia Internacional dos Trabalhadores, chega e, com ele, a patota de revisionistas festeja, clamando, vergonhosamente, pelo reconhecimento das massas. Dentre palavras pomposas e meia dúzia de comemorações de fachada, esses senhores não representam, nem lutam pela classe trabalhadora. O vermelho que carregam em suas bandeiras representa apenas o sangue de todos que eles esmagaram enquanto disputavam por cargos no Estado Burguês e firmavam seu cretinismo parlamentar; de todos os grandes heróis do povo brasileiro, que deram suas vidas por uma nova sociedade e morreram nas mãos dos inimigos com os quais eles de tão bom grado “negociam” e para quem, sem o menor remorso de negar seus princípios, se vendem.

Este ano, como em todos os que o precederam, companheiros de todo o Brasil denunciam a Farsa Eleitoral, a putrefação do imperialismo no mundo e do Capitalismo Burocrático em nosso país. Entretanto, diferente do que houve nos anos anteriores, esse trabalho se faz ainda maior, mais forte e com maior combatividade. Nesse ano, os mesmos revisionistas que comemoram o 1° de Maio, conquistado sob o sangue dos mártires da Revolta de Haymarket, que lutaram e morreram, em Chicago, no ano de 1886, pela redução da jornada de trabalho para 8 horas, negarão o caminho que há de ser seguido para a libertação das classes exploradas e oprimidas no Brasil e no mundo: a revolução. Eles buscarão levar às massas ao imobilismo e sepultar os levantes populares nos pântanos de seu oportunismo.

Entre a fome que assola ao menos 19 milhões de brasileiros, os 664 mil mortos pelo COVID-19, os pelo menos 12 milhões de desempregados e a brutalidade do Estado contra o operariado nas cidades e os camponeses, principalmente os pobres, no campo, os partidos políticos que dizem representar a classe trabalhadora e suas organizações de base, buscam arrecadar votos para suas futuras tentativas já fracassadas de eleição de candidatos. Esses senhores viram o genocídio do povo brasileiro de suas confortáveis casas, agora buscam se aproximar dele através de propagandas no 1° de Maio! Chega a ser uma piada de mal gosto.

Enquanto uns descaradamente entregaram-se ao social-liberalismo petista, denunciado por todo democrata e revolucionário do país há pelo menos duas décadas e liderado novamente por Luís Inácio, outros buscam ofuscar sua fraqueza com campanhas eleitorais fadadas à vergonha. Ao final dessa história, o primeiro grupo se alargará, porque o segundo já se encontra derrotado e obrigado a apoiar o Partido dos Trabalhadores (PT), em contrapartida, a luta combativa se fortalecerá.

O CAMINHO POPULAR: LUTA COMBATIVA

Como um espectro invisível, a combatividade do povo brasileiro aumenta e se espalha. O que há mais para se perder? Poucos têm a “sorte” de reclamar de mais um dia de trabalho duro e pagamento miserável e menos ainda podem fazê-lo com a Carteira de Trabalho assinada. Por vezes pode-se ouvir liberais cuspindo a ideia de que para a população ter seus direitos, ela deve cumprir com seus deveres. Na sociedade capitalista, é unânime que o direito do homem é ser livre e viver uma vida digna — veja bem, está na Carta dos Direitos Humanos! –, no entanto, para os tão sábios liberais, o dever do homem é obedecer, sem questionar, aos interesses dos grandes industriais, latifundiários e burocratas do Estado e vender sua força de trabalho a troco de nada, junto com sua dignidade. Ora, que bons homens eles são! “Seja livre e viva dignamente pelo singelo preço de sua liberdade e sua dignidade!”

A antítese dessa filosofia abstrata, metafísica, não poderia ser senão a de que o dever do homem, na sociedade capitalista, é o de rebelar-se. O dever que a classe trabalhadora historicamente adquiriu é o de destruir o sistema capitalista radicalmente — nas suas raízes — para que, então, possa desfrutar do seu legítimo direito à liberdade e dignidade. Isto porque devemos questionar sempre “para quem?”. Afinal, na era do imperialismo, é declarada liberdade e dignidade para quem? Ora, para quem mais seria senão para o burguês, o latifundiário, o imperialista e cada um de seus lacaios.

Aos operários e camponeses — até mesmo à burguesia nacional nas semicolônias — resta apenas rebelar-se; voltar-se contra seus exploradores e dominadores e destruí-los junto com seu aparato de dominação, o Estado. A combatividade, portanto, é destrutora e criadora. Ela é arma para a destruição do velho, podre e obsoleto, ao mesmo tempo que é ferramenta pra a criação do novo; a combatividade é espinha dorsal do dever atual da classe trabalhadora e a maneira de garantir seus direitos.

A combatividade exige organização. Ela não pode ser confundida por aventureirismo ou ter a si mesma como fim. A combatividade é meio para os fins da classe trabalhadora. Ela não deve ser interpretada de outra maneira que senão como um método prático. Este método prático, no entanto, implica tanto nas ações contra os inimigos abertos da classe trabalhadora, como também contra os lobos em pele de cordeiro que a rondam. A prática social é o critério da verdade; ela separa o caminho popular do caminho contrarrevolucionário. Saber diferenciar os amigos e os inimigos do povo e organizar os amigos para combater veementemente esses inimigos e seus ideais é cerne — e consequência — da luta combativa.

O CAMINHO CONTRARREVOLUCIONÁRIO: CRETINISMO PARLAMENTAR

Indo de contramão às massas, os revisionistas e oportunistas buscam dizer que a grande vitória virá com a retirada de Jair Messias Bolsonaro da presidência. Como os santos liberais, a filosofia desses senhores é igualmente metafísica. Isto porque eles usam dos mesmos conceitos falidos da filosofia burguesa encobertos sob uma falsa estética socialista. Mais ainda, porque a eles não importa se ligar ao povo, absorver e elevar seus ideais. Mais vale o cargo que tanto anseiam no Parlamento Burguês, o tão esperado Fundo Eleitoral e a gorda autopromoção nos meios de comunicação diversos.

Em Resolução, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) declara, como título, “é Lula para florescer esperança em nossa gente!”. Desavergonhadamente, apreciam o cretinismo parlamentar como seu principal trabalho para o ano:

“O nosso desafio deve ser o de constituir uma nova maioria política no país para a governabilidade democrática, com a constituição de largo arco de apoio político desde o primeiro turno eleitoral, para vencer as eleições e alcançar forte representação no Congresso Nacional e governar.” — grifos nossos.

Esses senhores falam de “governabilidade democrática” o retorno do social-liberalismo que dispôs forças para a implementação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nas favelas do Rio de Janeiro, centros militares com a única função de assassinar a população pobre nas cidades[1]; para omitir 550 assassinatos no campo[2] e 13 massacres que vitimaram 58 pessoas[3]; e tantos crimes mais. A governabilidade que tanto é almejada pelo Comitê Central do PCdoB é o de massacrar o povo com as próprias insígnias. A democracia, por sua vez, é de poder decidir com os demais partidos burgueses como e quando esses massacres serão realizados.

Maurício Grabois, um dos responsáveis pela Reorganização de 62 e um dos fundadores do PCdoB, grande revolucionário que tem sua memória profanada pela massa eclética, amorfa e contrarrevolucionária que é o atual PCdoB, denunciaria a Declaração de Março de 1958, publicada pelo Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCB), dizendo que ela era “um documento que encara os problemas da revolução brasileira do ponto de vista da burguesia, conduz à negação da luta revolucionária, à adaptação ao capitalismo e ao evolucionismo sob o disfarce de caminho pacífico”. Sessenta anos depois, uma Declaração de um partido traidor que ousa usar as insígnias do Partido Comunista, não esconde as mesmas concepções do ponto de vista da burguesia.

Em jocosa “oposição” ao entreguismo do PCdoB, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Unidade Popular pelo Socialismo (UP) buscam emplacar candidatos à presidência e também a outros cargos no Estado Burguês[4] [5]. Ambos os partidos declaram oposição ao governo social-liberalismo petista e se põem como alternativa socialista nas eleições burguesas. O PCBrasileiro completa seu terceiro decênio de “Reconstrução Revolucionária” após a liquidação do partido já afundado no revisionismo khruschiovista no final da década de 80 e início da de 90, onde nada fizeram a não ser ficar a reboque, no campo, do Movimento Sem Terra (MST) e do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), nas cidades. Seu trabalho mais expressivo em todos esses anos foi o de conquistar diversos Centros Acadêmicos (CAs) e Diretórios Centrais de Estudantes (DCEs), o que pouco significa visto que os estudantes por todo o país se veem abandonados pela União Nacional dos Estudantes (UNE), majoritariamente tomada pela União Juventude Socialista (UJS), do PCdoB, e pelos próprios DCEs e CAs, dominados pela União Juventude Comunista (UJC), do PCB — durante a pandemia, então, esse abandono foi ainda maior.

A UP, por sua vez, com um trabalho mais ativo entre as massas, constituiu ocupações nas cidades ao longo de toda a pandemia e se consolidou em diversas comunidades do país, mas é um partido diminuto, dominado, em maioria, pela União Juventude Rebelião (UJR), a juventude do Partido Comunista Revolucionário (PCR), organização que se afundou no dogmato-revisionismo do albanês Enver Hoxha e seu sucessor, Remiz Alia, negando as ideias de seus principais fundadores, Manoel Lisboa e Amaro Luiz de Carvalho. Tanto o partido quanto sua juventude, graças a sua linha errônea, não compreendem a principal contradição da Revolução Brasileira — assim como o PCBrasileiro e o PCdoB também fazem –, que é a contradição entre o latifúndio e o campesinato, principalmente o pobre. Graças a isso, não possuem base alguma no campo e centram suas lutas nas cidades, onde seus militantes mais honestos servem de bucha de canhão e saco de pancadas para a reação.

A pergunta que ecoa com essas pré-candidaturas autônomas à presidência é: uma vez esmagados pela propaganda massiva da mídia burguesa para a formação de uma “terceira via” de um lado e pela propaganda petista do outro, tendo seus candidatos amassados pela maquina de moer do Estado burguês que tanto denunciam — mas buscam participar com todas as forças –, o que esses senhores farão? O segundo turno será entregue ao mesmo social-liberalismo no qual o PCdoB se jogou de cabeça logo de início. Não haverá outra saída, como foi dito em 2018. O “Poder Popular” será construído com o mais inovador seguidismo ao PT e a alienação desses partidos com relação às massas populares só se comprovará, novamente, um fato.

ALINHAR-SE COM OS TRABALHADORES, DENUNCIAR A FARSA ELEITORAL E COMBATER O REFORMISMO!

Em função deste 1º de Maio, saudamos a todos os trabalhadores da região Norte Fluminense, do Brasil e do mundo. Deixamos aqui o recado de que nossa luta só está começando e que não temos nada a perder, apenas um mundo a ganhar. Que não serão esses velhos partidos que se fecharam dentro de si próprios, se distanciaram do povo e decaíram à filosofia e à pratica burguesas que os representarão. Na realidade, nenhum partido ou organização que busque castrar a revolta popular contra o Estado Burguês e seus aparatos será capaz fazê-lo.

Os brasileiros, mais do que nunca, veem que seus sonhos não cabem dentro de uma urna; é cristalina a realidade de que nada mudará enquanto o trabalho político se resumir à espera covarde da próxima eleição. Ao invés de determos o povo no seu justo boicote à disputa das duas frentes burguesas — a fascista e a social-liberal –, devemos incentivá-lo, elevando sua consciência de que o boicote não é fim, mas começo para ações maiores. Não importa o quão mais ou menos fascista é o senhor que representa os interesses burgueses sob a alcunha de presidente. No final das contas, ele será inimigo dos trabalhadores; perseguirá e atormentará estudantes, intelectuais, operários, camponeses e qualquer um que se volte contra ele e seu regime.

Por vias de fato, nossa tarefa é denunciar a Farsa Eleitoral, combater o reformismo propagado pelos oportunistas e revisionistas fantasiados de vermelho pelo país e alinharmo-nos às massas populares em combate ao capitalismo, seja sua forma qual for; fascismo ou ‘democracia’ burguesa. Fora o poder, tudo é ilusão!

ABAIXO A FARSA ELEITORAL!

VIVA O DIA INTERNACIONAL DOS TRABALHADORES!

[1] GOIS, Chico de. Lula defende que UPPs sejam expandidas pelo Brasil. Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 13 de fevereiro de 2010. Disponível em: < https://oglobo.globo.com/rio/lula-defende-que-upps-sejam-expandidas-pelo-brasil-2916256>.

[2] RIBEIRO, Ana; ANTUNES, José; CAMELLO, Lândhor; SOUZA, Maria; SOUZA, William. OS CADERNOS DE CONFLITOS NO CAMPO DA CPT. Revista Trabalho Necessário, Rio de Janeiro, V.18, nº 36, p. 404 a 429, maio/agosto de 2020. (Tabela III, p. 421).

[3] TERRA, Comissão Pastoral da. Massacres computados desde 1985 a 2021. Massacres no Campo. Contadores. Disponível em: <https://www.cptnacional.org.br/massacresnocampo#conta>.

[4] O caminho dos comunistas do PCB nas eleições. Jornal O Momento, Bahia, 20 de abril de 2022. Disponível em: <https://pcb.org.br/portal2/28697>.

[5] Leo Péricles é o primeiro pré-candidato à Presidência da República pela Unidade Popular pelo Socialismo. Disponível em: <https://unidadepopular.org.br/2021/resolucoes/leo-pericles-e-o-primeiro-pre-candidato-a-presidencia-da-republica-pela-unidade-popular-pelo-socialismo/>.

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