BRASIL: TERRA DE ALGUNS

UM ENSAIO SOBRE O 7 DE SETEMBRO

DOM PEDRO I

ESCOLHERAM MORTE!

O 7 de setembro é um marco em nossa história; uma data comemorada como a Independência de nosso país, o fim da relação de colônia com os malditos portugueses que se consagraram donos do “Novo Mundo” e das terras pertencentes aos povos originários. A grande questão a ser feita a respeito da Independência, similar a que fazemos a respeito da democracia, é: Independência para quem? Em 1822, gritaram “INDEPENDÊNCIA OU MORTE!” e, desde então, tudo o que nosso povo conhece é morte.

Foram 322 anos de colonização aberta, 388 anos de escravidão aberta (66 anos após a independência), 41 anos de coronelismo e 38 anos de ditadura (Vargas: 1930–1945 e 1951–1954 | Ditadura Militar: 1964–1985). Isso é um total de 467 anos de história neste território; território este que, desde a Colonização, possui 521 anos — nós temos apenas cerca de 54 anos de “liberdade e democracia”. Isso, claro, se descontarmos o fato de que, após a ditadura varguista, nenhum membro do governo sequer, inclusive os fascistas do Movimento Integralista, foi preso; o mesmo vale para a Redemocratização (após a Ditadura) e o ato santo da anistia. Essa é a verdadeira repartição da nossa história.

Não houve parte qualquer em que as classes dominantes não serviram a uns ou outros senhores. Primeiro aos portugueses, depois aos ingleses, posteriormente aos estadunidenses e demais europeus e hoje somos alvos também da repartilha do mundo realizada entre velhos Senhores e a China. Não houve um momento sequer, um presidente sequer ou um líder sequer que esteve na posição de regente do Velho Estado e fugiu da coleira do colonialismo. A verdade é que nenhum o fará. Não o farão porque são fracos. Não o farão porque são traidores. Não o farão porque aqueles que seguem a via do Parlamento Burguês são apenas social-democratas medrosos e seus partidos são os mordomos da antessala fascista; servindo o povo como entrada e o resto do país como prato principal.

Dom Pedro não era mais que um verme, expoente nacional do colonialismo. Vargas não era mais que um projeto de fascista tropical, um pai agressor dos pobres e uma mãe bondosa dos ricos. Os militares não passaram de cadelas fardadas e adestradas pelo imperialismo ianque, outra face da fascistização do Velho Estado. E Bolsonaro não passa de um entreguista medroso, reflexo da podridão do exército e de uma pequena burguesia que se acha Grande.

ATADOS À TERRA.

Não podemos deixar de lado o fato de que somos um país agroexportador, tendo sido os 5 produtos mais exportados pelo país no ano de 2020: i. soja; ii. óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos; iii. minério de ferro e seus concentrados; iv. óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos; e v. carne bovina fresca refrigerada ou congelada.[1] Enquanto importamos: i. adubos ou fertilizantes químicos (exceto fertilizantes brutos); ii. óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (exceto óleos brutos); iii. plataformas, embarcações e outras estruturas flutuantes; iv. equipamentos de telecomunicações, incluindo peças e acessórios; e v. obras de ferro ou aço e outros artigos de metais comuns. Ou seja, exportamos o que há de menos industrializado e bruto e importamos o que há de mais industrializado e tecnológico.[2]

Isso tudo, claro, devemos a um fator principal, à contradição principal, que rege os problemas da nação: o latifúndio. Muitas pessoas não entendem, principalmente as das cidades, o quão venenosa é a manutenção do latifúndio. Para nós, é como manter um prego enferrujado fincado no pé e esperar que nada de ruim aconteça com o restante de seu corpo. Nosso país possui uma extensão territorial de 8.516.000 km²; dessa área, cerca de 3.512.898,18 km² (351.289.818 hectares) são de área rural (41% de todo o território). Quase metade do país se concentra na produção agropecuária e metade dessa produção se encontra na mão de 1% das propriedades rurais. Viver em cidades e esquecer que a vida econômica urbana depende demasiadamente da vida rural, é esquecer que se precisa de pulmões para respirar. O latifúndio se apresenta como órgão vital para a gerência do Capitalismo Burocrático e sua destruição é um grande golpe contra o imperialismo e contra a Grande Burguesia. Fomos atados à terra antes mesmo de sermos atados às fábricas e assim permaneceremos se não tomarmos as devidas providências.[3] [4]

Os camponeses, principalmente os pobres, são a ponta da lança na luta contra o latifúndio e são neles que devemos apoiar as forças iniciais. O operariado deve se organizar para liderar a história e se aliar aos seus irmãos de luta para tirar todo o povo das amarras do pré-capitalismo rural e, sem parar, das correntes dos industriais vende-pátria que reinam nas cidades.

UM POVO ABSTRATO E UMA DATA VAZIA.

A Independência foi progressista quando comparada à Colonização, mas passou longe de ser uma revolução. As classes dominantes que tomaram partido em prol dessa Independência também prestaram papel progressista, que logo se desfez. Após a Independência, tornaram-se uma classe reacionária, um expoente nacional do colonialismo. Não houve ruptura com as contradições internas — escravidão, servidão etc. — apenas sua reorganização, baseada nas contradições externas — colonialismo e o mercantilismo. Antes, as classes de Senhores, homens livres, escravos e servos serviram como força progressista, depois, as condições materiais se alteraram, a luta de classes e elas próprias também. Nesse momento posterior, os Senhores, na roupagem de latifundiários, oprimem o povo, a força progressista, que passa a ser composto pela pequena burguesia, o semiproletariado, o proletariado e os servos. Essa é a força que daria seguimento à luta pela consolidação da República.[5]

Essa é uma brevíssima análise de uma fração da história do país. Seu propósito não é maior que mostrar que, assim como tudo que analisamos, o “povo” está sujeito ao tempo e à realidade; que não deve ser tratado como a mera abstração burguesa da meia dúzia de fascistas moderados, de partidos trabalhistas e “socialistas”, que anseiam enganar as massas. Esse mesmo povo, hoje, se expressa nas pequenas fileiras democráticas da pequena burguesia, das fileiras ainda menores da média burguesia, de todo o campesinato, principalmente o campesinato pobre, e de toda a classe operária. Esse povo deve ser dirigido pela aliança operário-camponesa que, por sua vez, terá o proletariado como sua principal liderança. A tarefa progressista de nosso tempo é a de preencher a data vazia da nossa suposta Independência através da ruptura radical com o Velho Estado e com o Capitalismo Burocrático. E a forma de fazê-lo é através da Revolução de Nova Democracia, intermitente até o socialismo.[6]

A LUTA DE HOJE, A VITÓRIA DE AMANHÃ!

Os fascistas se organizaram e têm se organizado cada vez mais. Hoje tomaram as ruas como se fossem a força democrática do país, como se fossem algo senão restos podres a serem descartados na lata de lixo da história. Eles temem e tremem diante da revolta popular. São homens e mulheres de carne e osso, carregados de ódio reacionário deixado pelos seus amos assassinos, cheios de ignorância e decadência, e exatamente por isso não devemos temê-los. Também somos homens e mulheres de carne e osso, mas estamos carregados do ódio revolucionário deixado pelos heróis que caíram lutando pela libertação dos povos, munidos pela ciência proletária e pelo progresso. Essas não são meras palavras bonitas e bem menos declarações vazias. Essas são palavras que se sustentam na história que nasce na Alemanha com Marx e Engels, chega à Rússia para os Camaradas Lenin e Stalin, se espalha pelo mundo e liberta os oprimidos na América, na África e na Ásia, se eleva na China do Presidente Mao e segue hoje nas bandeiras de irmãos de luta na Turquia, no Peru, nas Filipinas, na Índia e em tantos outros lugares.[7]

Hoje, diversos companheiros saíram às ruas e se mostraram defensores do povo. Hoje não é uma data para reacionários. Hoje não é uma data para “patriotas” que vestem o verde e amarelo como se não vivessem para adorar a bandeira vermelha, azul e branca e orar para o seu deus, o Tio Sam.[8] Hoje é um dia do povo. Um dia de luta dos povos originários, dos camponeses, dos operários, dos estudantes, dos professores e de todos os verdadeiros democratas que se erguem contra o fascismo, esteja ele em sua forma mais aberta ou em seu falso e “moderado” manto vermelho e estrelado.[9]

Erguer as bandeiras da luta popular, defender o povo brasileiro, honrar o trabalho de todos os companheiros e camaradas que vieram antes de nós e fazer da luta de hoje a nossa vitória de amanhã. Esse é o nosso papel. Esse é o nosso caminho. Iluminados pela ideologia revolucionária do Marxismo-Leninismo-Maoísmo e apoiados pela verdade, declaramos:

ABAIXO O MARCO TEMPORAL!

PELA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL!

PELO DIREITO À AUTODETERMINAÇÃO DOS POVOS!

PAZ ENTRE NÓS, GUERRA AOS SENHORES!

VENCEREMOS!

[1] https://www.portaldaindustria.com.br/industria-de-a-z/exportacao-e-comercio-exterior/

[2]https://santandernegocioseempresas.com.br/conhecimento/internacionalizacao/produtos-mais-importados-pelo-brasil/

[3]https://censoagro2017.ibge.gov.br/templates/censo_agro/resultadosagro/index.html

[4] https://www.brasildefato.com.br/2018/07/26/no-brasil-2-mil-latifundios-ocupam-area-maior-que-4-milhoes-de-propriedades-rurais

[5] https://www.ebooksbrasil.org/eLibris/povonobrasil.html

[6] https://www.marxists.org/portugues/tematica/2006/mes/lcp.htm

[7] https://anovademocracia.com.br/guerra-popular

[8] https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/05/kit-bolsonarista-de-protestos-tem-bandeiras-dos-eua-em-estetica-da-subserviencia.shtml

[9] https://g1.globo.com/natureza/noticia/2021/06/30/indigenas-protestam-em-ao-menos-7-estados-contra-projeto-que-dificulta-demarcacao-de-terras.ghtml

--

--